• Baixada Fluminense | 11/06/2025 - 16:57

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Projeto 'O Corpo Negro-Indígena' | Foto: divulgação

Baixada Fácil

Com uma programação que ultraa 200 atividades em 13 unidades do Sesc RJ, o projeto 'O Corpo Negro-Indígena' chega à sua quinta edição. Pela primeira vez, o festival integra com centralidade a produção artística indígena contemporânea na linguagem da dança, ampliando o seu escopo original — antes focado exclusivamente no protagonismo negro — e afirmando-se como uma iniciativa única nas artes da cena no país. A edição de 2025 vem acontecendo desde 20 de maio e vai até 15 de junho, em 11 municípios do estado do Rio de Janeiro, incluindo Nova Iguaçu.

Com a curadoria convidada de Ágatha Oliveira, Barbara Matias Kariri, Betânia Avelar, Jandé Potyguara e Tieta Macau, a programação apresenta obras que vão da dança à performance, ando por audiovisual, música e debates. O 'Corpo Negro-Indígena' afirma as múltiplas existências e resistências de artistas que forjam um Brasil que dança para contar a própria história, inclusive aquela que foi silenciada, colocando em cena corpos negros e indígenas que criam a partir de seus territórios, memórias e desejos. Territórios representados neste ano com grande abrangência. Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraná, Piauí, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo formam um mosaico diversificado e plural de gêneros, temas, estéticas e modos de criar.

A programação apresenta 25 trabalhos de dança, sendo 11 estreias nacionais nos palcos do Sesc RJ, possibilitando um importante fomento para os criadores da dança e oferecendo obras inéditas para os moradores do estado. Entre os destaques da programação está o espetáculo 'Andará das Encantarias', de Karu Kariri, artista indígena criada na periferia da zona sul de São Paulo. Karu funde a cultura ballroom à ancestralidade de seu povo, criando uma obra que transborda encantaria, identidade e luta. Em cena, a celebração dos corpos LGBTQIAPN+ negros e indígenas reverbera como um ritual contemporâneo de resiliência. Como ela mesma define: “Pode-se até aterrar um rio tentando apagar a história que vive lá, porém debaixo da terra a água continuará a circular, até o dia em que, à superfície, ela retornará.”

A curadoria do projeto é atravessada por essa escuta da terra e do corpo como territórios de saber. Bárbara Matias Kariri, uma das curadoras, resume: “Corpos que dançam interligados com a terra. Fazer curadoria como quem olha para o chão onde pisa, como quem exercita a escuta para saber quais sementes plantar. Dançar Pindorama para dizer da resistência e fé presentes nesses corpos antigos e futuros.”


Programação no Sesc Nova Iguaçu
 
As três marias | Mery Horta | dança | 30 de maio
Em 'As três marias', quarto espetáculo da Cia Líquida de dança contemporânea com direção e coreografia de Mery Horta, três baianas de escola de samba desenvolvem toda uma performatividade que une histórias, dança, vestimenta e gestos. Como as três estrelas que lhes dão nome, em as três marias essas mulheres negras idosas sambistas nos brindam com suas existências cintilantes e nos apontam caminhos futuros e ancestrais.
Classificação indicativa: Livre Duração: 48 minutos
 
VibraSons | Cambaio Cia de Dança | dança | 31 de maio
Na obra, pautar o som como fonte e elemento da pesquisa material física, sonora e imagética para confluir no corpo gerando movimentos e gestos dentro da linguagem da Cia é o mais novo desejo. Tem como referência poesia de Elisa Lucinda e música de Hamilton de Holanda, figuras da cena da Arte Contemporânea e suas Brasilidades, que através de seus fazeres tem a Sonoridade como forma de expressão com a Sociedade e Mundo. Os Sons de Lucinda e Holanda aqui ecoam. Que sons lhe afetam e fazem sentidos? Classificação indicativa: 14 anos. Duração: 50 minutos
 
Vapor, ocupação infiltrável | Original Bomber Crew | dança | de 6 a 8 de junho | sexta e sábado, 19h; domingo, 15h
Vapor, ocupação infiltrável é uma performance que alimenta um modo próprio de fazer da Bomber Crew, a partir das relações de cada um com as linguagens e ruas que povoam. Traz uma dança não simétrica que surge do reconhecimento e da valorização das movimentações cotidianas, crenças e experiências vividas por cada corpo. Por DNA, se faz nas diferenças e é uma dança que luta, que cria outras realidades a partir da integridade do que se é. O espetáculo parte do pressuposto de que a ancestralidade é viva, pinta, borda, canta, empina pipa e dança (dentre outras coisas). É uma reafirmação orgânica do lugar de onde o grupo vem: de Teresina-Piauí-Nordeste do Brasil, um território eminentemente ribeirinho, pulsante de histórias de vida para além de sua história como cidade. Classificação indicativa: Livre Duração: 45 minutos
 
Sessão 2 | Trem do Soul | exibição audiovisual | 27 de maio | 14h
Trem do Soul segue a linha do tempo traçando uma cartografia memorial e afetiva de um movimento jovem, preto e periférico que mexeu com corações, corpos, mentes e até com as fardas na década de 1970 na região metropolitana do Rio de Janeiro.
 
Sessão 3 | Diaspóricas | exibição audiovisual | 27 de maio | 18h
A música brasileira é uma mulher negra. Ela é feita pelas mãos, bocas, ouvidos e pelo sentir de mulheres negras que se encontram no estado de Goiás. Érika, Nina, Sonia e Lene narram a Música Preta Brasileira. São mulheres sonoras, pretas e centrais celebrando a negritude, o ser mulher e a música brasileira, a partir da conexão em África. Diaspóricas são mulheres negras em resistência que utilizam a música para existirem. Diaspóricas são mulheres em atravessamentos afromusicais que se reconhecem mesmo não se conhecendo.
 
Sessão 7 | Sessão de curtas: Curai-vos + Pisa Ligeiro + Caipora + O tempo é um pássaro + Mãtãnãg, A Encantada | exibição audiovisual | 28 de maio | 9h30

Curai-vos
Omolú é o Orixá da praga e da cura. Em tempos de isolamento, nele residem os caminhos para uma nova normalidade. Experimento realizado durante o distanciamento social pela pandemia do covid-19.

Pisa Ligeiro
Dirigido e produzido por Siba Puri e Rafaella Orneles (Synesthezk) o filme "Pisa Ligeiro", de Siba Carvalho Puri em parceria com Lua Mc, é uma obra inspirada pelo futurismo indígena e pela vida em Pindorama, antes da chegada dos colonizadores. Através de uma linguagem audiovisual com elementos psicodélicos, o clipe traça um paralelo entre ado, presente e futuro, refletindo sobre saúde e vida em harmonia com a Terra. Ele também expressa os desafios e sentimentos de uma indígena que vive em meio ao caos urbano, mas busca retornar às suas raízes, especialmente em um contexto pandêmico, quando o desejo de estar junto aos seus parentes é intensificado. A canção foi criada em um momento de conexão espiritual entre as artistas, durante um ritual de ayahuasca, o que também influencia a narrativa do videoclipe, que louva a Mãe Terra e celebra a relação sagrada com a floresta. O clipe reflete a fusão entre a arte ancestral indígena e preta a elementos contemporâneos, unindo o trap com maracatu, flautas e synths psicodélicos. O filme destaca a importância da continuidade das tradições indígenas e a sua conexão com os novos tempos.

Caipora
“Caipora” surge em meados de 2019, enquanto pesquisa acadêmica, e segue como trabalho independente em desenvolvimento. Consiste em um processo de criação colaborativa, com dramaturgia autoral, partindo da lenda amazônica Caipora – Protetora da Floresta, mesclando em experimentações audiovisuais elementos estéticos da cultura ribeirinha e acontecimentos contemporâneos, trazendo à  tona temas como regionalismo, violência contra a mulher, resgate histórico da identidade local e a relação do ser humano com a floresta.

O tempo é um pássaro
Zuri vive num lugar onde seu pertencimento está por um fio: seus parentes não falam mais a sua língua. Depois de algumas tentativas, ela toma coragem e inicia uma jornada pela construção do seu espaço de conforto e vai ao encontro de sua verdadeira família.

Mãtãnãg, A Encantada
A índia Mãtãnãg segue o espírito de seu marido, morto picado por uma cobra, até a aldeia dos mortos. Juntos eles superam os obstáculos que separam o mundo terreno do mundo espiritual. Uma vez na terra dos espíritos, as coisas são diferentes: outros modos regem o sobrenatural. Mas Mãtãnãg não está morta e sua alma deve retornar ao convívio dos vivos. De volta à sua aldeia, reunida a seus parentes, novas vicissitudes durante um ritual proporcionarão a oportunidade para que mais uma vez vivos e mortos se reencontrem. Falado em língua Maxakali e legendado, Mãtãnãg se baseia em uma história tradicional do povo Maxakali.
 
Sessão 8 | Sessão de curtas: Nossos os Seguirão os Seus... + O que diz uma memória? + Dona Beatriz Ñsîmba Vita | exibição audiovisual | 29 de maio | 18h

Nossos os seguirão os seus
"A exploração é a lei, a greve eis o crime". No contexto da forte greve da classe trabalhadora e da repressão policial que se seguiu no Brasil na década de 1920, o curta-metragem resgata a figura do sindicalista Domingos os.

O que diz uma memória?
Gertrudes, Luciana e Francisca são três mulheres residentes em um bairro em Nilópolis, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Apesar de serem de gerações diferentes, elas compartilham experiências, desabafos, confissões e medos do ado e do presente. À medida que se aproximam e interagem, o vínculo entre elas se transforma, revelando como a proximidade influencia sua relação. Ano: 2024.

Dona Beatriz Ñsîmba Vita
"Dona Beatriz Ñsîmba Vita" é um filme livremente inspirado na vida e legado da personagem histórica conhecida como Kimpa Vita, heroína congolesa do século XVII. Ambientado na contemporânea cidade brasileira de Belo Horizonte, conhecemos uma mulher singular, determinada a cumprir a missão divina de criar seu próprio povo, usando uma habilidade única de produzir clones de si mesma, na cozinha de sua casa.
 
Sessão 9 | Sessão de curtas: Icamiabas: Backup do Futuro + Rua Dinorá | exibição audiovisual | 29 de maio | 9h e 14h | 1º de junho | 11h e 16h

Icamiabas
Depois de perder acidentalmente todas as cópias de sua monografia da faculdade, Laci e as outras Icamiabas usam sua gata-nuvem chamada Nuvenzinha para ir até a Cidade Alta, bairro super tecnológico que flutua nas nuvens e visitar o Tecnomuseu, lugar que guarda todos os backups de tudo que já foi escritos e de tudo que ainda será. Mas quando uma interminável burocracia e fantasmas de dinossauros se interpõem no caminho, as Icamiabas percebem que o backup nem sempre compensa.
 
Rua Dinorá
Dinorá é uma menina de 10 anos que luta karatê e precisa vender rifas para custear uma viagem para um campeonato. Nesse trajeto, ela descobre a história da sua rua e do seu bairro.

 

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