DE FIM EM FIM
Demétrio Sena - Magé
Fico impressionado com o quanto amos em mágoa, dor física, estresse, preocupação, amor e medo. Longe dessas possibilidades, não temos noção da nossa força. Não fazemos ideia do nosso poder de resignação, ação, coragem de última hora, e da capacidade repentina de respirarmos fundo, quando estamos prestes a explodir... ou implodir.
É uma pena, só alcançarmos esse nível de auto conhecimento, quando já estamos no limite. Quando a mágoa já nos envenenou o bastante, a dor física extirpou gemidos incontáveis, o estresse quase nos levou à loucura, o amor espremeu nossa razão e o medo nos virou do avesso. É aí que cedemos aos atropelos, metemos os pés pelas mãos, cometendo os mais impensáveis desatinos, até acertarmos... porque no fim das contas, acertamos ao olharmos em volta e sabermos que só contamos conosco. Por isso, é terminantemente proibido não tentarmos até o fim. E depois do fim, está o recomeço de tudo. Se não alcançarmos o alvo, a trajetória será o nosso inquestionável troféu vivencial.
Todo esse processo ocorre, algumas vezes, em poucos dias; quem sabe, nada mais do que algumas horas. Poucos dias de muito aprendizado; algumas horas de grandes transformações íntimas. O aprendizado e as transformações que nós teremos ou não, a sabedoria de utilizar a nosso favor, daí em diante. Por uma grande, porém, feliz ironia, nesse contarmos só conosco às vezes surge, muito paradoxalmente, uma inesperada boa alma que nos ajuda em nossa missão... justamente nessa missão de só contarmos conosco.
Sei que não há como saber por que redigi este texto. Não importa. Insira-o na sua realidade, no seu momento, suas últimas experiências, e você há de chegar a conclusões próprias. Este texto é como aquelas obras de arte, boas ou ruins, que desafiam conclusões. Cada um desenvolve o seu olhar em torno delas e absorve suas lições independentes.
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Respeite autorias. É lei