CONFLITO ESCRITURAL DE GÊNERO
Demétrio Sena - Magé
Para dizer a verdade, ou o fato, eu acho que ainda sou um machista "escritural". Posso dizer que não o sou em nenhum outro aspecto, mas neste, acho que sim. É que ainda não me sinto muito à vontade para dizer todos e todas, em um texto. E não acho nada estética essa unificação lexical de gêneros que resultou a mutação amigues. Já havia uma tentativa bem antiga, no tal de outrens, para unificar outras e outros, que ficou por lá mesmo. Não deu nada certo. Nunca mais ouvi nem li outrens.
Não discorrerei este assunto com termos técnicos da língua, então ninguém me sacaneie com interferências que possam tornar meu texto mais prolixo do que já está. Ou prolixo vai acabar indo pro lixo; basta separar a primeira sílaba do restante. Mas voltando à questão de gêneros na escrita, eu ainda prefiro a utilização dos recursos que a própria língua oferece com seus sinônimos, algumas vezes múltiplos para determinadas palavras. Darei exemplos: quando considerar machismo sempre dizer país, posso dizer terra ou nação... pátria não, porque pátria é o cúmulo do machismo... usar o radical de pai para me referir à mãe... neste caso, por mais estranheza que possa causar, prefiro mátria.
Quando sou recebido por uma plateia, posso agradecer a todos os presentes ou a todas as pessoas presentes. O planeta é também a terra ou a terra é o planeta terra... miss universo é bem estranho; talvez seja melhor miss galáxia, pois embora não sejam exatamente sinônimos, universo e galáxia são insondáveis. Posso dizer embrólio ou confusão; indivíduo, pessoa ou simplesmente alguém... fazer o bem ou praticar a bondade... unir o amor e a paixão... e ao invés de matar a língua com "o ser humano e a ser humana", terei sempre como falar o ser humano ou a humanidade.
Cidade é município; localidade, local; rua, logradouro; estado é unidade federativa... um ou outro... uma coisa ou outra... mas no caso majoritário, não tem jeito; o gênero feminino ganha, porque a capital manda no estado. Ih... mas o capital istra a capital e não existe a palavra - ou vocábulo - gênero... mas olhe aí a palavra palavra sempre mais popular do que a palavra vocábulo... enfim, toda questão gera um questionário que algumas vezes não vale a pena responder... vira uma novela, que muitos preferem chamar de folhetim... por machismo? Não sei.
Grato a todas as pessoas - ou todo mundo -, pela paciência de ler esta redação, este texto, estes escritos ou estas linhas, o que acabou em trava-língua nesta frase. Da mesma forma, grato à língua ou ao idioma que me permitiu descontrair um pouquinho com vocês. Um abraço, que não pode ser uma gravata, porque não quero saber de luta... nem de combate. É melhor acabar por aqui, pois essa cautela, esse cuidado, esse conflito "escritural" de gênero vai acabar ficando ilegível.
... ... ...
Respeite autorias. É lei